CADEIRA 04 - Iraide Martins

PATRONO: Raimundo Queiroz

Biografia

     IRAIDE DA SILVA MARTINS, natural de Bacabal , nascida em 21 de setembro de 1962. Graduada em Letras, professora  de  Língua  Portuguesa,  radialista,  dirigente  do  Partido  Comunista  do   Brasil - PC do B  em  ,sindicalista e militante no movimento feminista. Fundadora da cadeira nº 04 da Academia Bacabalense de Letras.

     Enquanto ativista do movimento humanitário,participou de várias campanhas em defesa dos direiros humanos, pela democratização dos meios de comunicação.Por mais de dez anos pruduziu e apresentou programas de rádio com corte de gênero(Mirante Mulher, Fala Mulherm etc...)

     No meio artistico, tem atuado junto a outros artistas pela valorização da produção artístico-cultural da região.

     Amante da literatura,entre seus escritores prediletos estão Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina,Elisa Lucinda, Fernando Pessoa e Patativa do Assaré.

 

ALGUMAS OBRAS

A CONTEMPLADA

     Naquela manhã, Vera esyava uma arara. Desde que acordara não fizera outra coisa senão soltar fogo pelas narinas feito um dragão enfurecido. Nem mesmo o sorrriso doce do seu filhinho ou o  beijo eufórico do namorado foram capazes de acalmá-la.

     _Bom dia D, Vera, disse o porteiro do predio. Nem ouviu. Entrou no escritório, foi direto para a sua escrivaninha. O semblenate era rubro, mas o olhar era gelado. Danou-se a rasgar papéis,arrumar gavetas e procurar não sabia o quê.

     Pois é, o Olimpio perdera outra vez: 1 x 0, UM A ZERO!!! E bastava em empate para o time levar o caneco.

    _Também,aquele juizinho  comprado, foi "inventar" um Pênalti aos quarenta e três do segundo tempo,só porque o atacante do Valasco encostou o supercílio na chuteira do meu zagueiro.Um cortezinho de nada, não pegou nem cinco pontos, resmungou a moça.

     Mas isso não era tudo. Pior seriam as chateações dos adversários: ih, vice de novo! Fala, quase campeã!

     Vera estava decidida. Seria um mármore.Não falaria com ninguém; apenas cultivaria aquele silêncio de ferro, um duro humor cinzento. Assim,não haveria espaço para gozações.Não foi à cantina como era de costume.Uma pema, naquele dia D. Rita havia lhe preparado seu lanche predileto, querendo lhe fazer um agrado.

     No final do expediante, deu por uma pessoa desconhecida na mesa à sua frente, a lhe observar.

     _Não deve ser ninguém importante,pensou. De fato não era. Tratava-se de um observador de um instituto de pesquisa, que iria escolher o funcionário a ser agraciado com "Prêmio Jiló", padrão a ser evitado dentro da empresa em que vera trabalha...

 

APELO

 

RASGA,

            o véu das minhas emoções camufladas.

ENCONTRA,

            o inteiro contido nas minhas meias palavraas.

AFOGA,

            os Atlânticos e Pacíficos

            que engoli - nem sempre chorei,

            quando não cabia sorrir.

 ALINHA,

            as arestas que esculpi

            foram feitas com os sonhos

            que não sonhei

            alguns até esqueci.

SUBVERTE,

            essa minha paz figurada,

            toda essa inércia fabricada.

            Quem sabe assim, mas entrelinhas do que deixei de falar

            consigas traduzir

            num rasgo de poesia

            todo o lirismo

            e o berro retido

            que minha garganta insiste em fazer calar.